Vivemos uma época onde as incertezas agora são radicais.
Me faz lembrar Alvin Toffler quando dizia “o futuro não é mais aquilo que costumava ser”.
Em momentos dessa complexidade todos somos compelidos a nos deixar levar pela obsessão por mudanças, também radicais, como forma de nos adequarmos aos ventos que sopram de todos os lados.
Nesse processo, quase obrigatório de nos comportarmos, em muitos casos que tenho observado no mundo empresarial, as empresas esquecem o que de bom as trouxe até aqui e se veem buscando, por tentativa e erro, caminhos que projetam uma tal sobrevivência próspera no vendaval.
Esse modo de agir tem-se tornado uma espécie de panacéia estratégica, como se pode notar no enredo de inúmeros encontros executivos que ocorrerem atualmente.
Quando se analisa o que resulta efetivamente desse empenho nota-se que as empresas são impelidas a porem de lado o que tinham como essência de valor e serem levadas no que acreditam serem as palavras de ordem, divulgadas em linkedins da vida, jornais, revistas e certos livros acadêmicos; palavras essas ditadas por opiniões de gurus de ocasião e, principalmente, pela industria de ferramentas de administração, tidas como as mais modernas, graças a estudos psicológicos experimentais e algo como tecnologia chamada de ponta.
No intuito de desenhar uma imagem na minha mente, que pudesse simbolizar o que estamos vivendo me vem sempre à mente a figura da palmeira.
Seja o vento que for ela se adequa, se contorce, se inclina mas continua sendo uma palmeira. Não perde a sua essência.
Já um árvore, toda rígida, fechada em si mesma, nesse vendaval que nos assola ela se rompe, se quebra em pedaços e morre, causando estragos ao seu redor.
Uma empresa que veio para ficar, aquela que tem um compromisso sério com a perenidade, no fazer bem feito o que a sua vocação de servir lhe impõe, me parece mais uma palmeira, cujo DNA é impregnado do sentido de existir, de cumprir a sua razão de ser.
Como empresas realmente não existem, são apenas arranjos jurídicos para atender leis, o que as fazem existir de fato é o seu elenco, motivado e compromissado pelo propósito dos seus empreendedores e materializado pelo papel dos seus clientes no assegurar a sua reputação no mercado e sua fonte econômica meritória.
A minha área de dedicação, desde 1970, tem sido, o que chamei desde o início, de Marketing Industrial, ou seja, a construção de relações de muito significado entre pessoas do fornecedor com seus pares da empresa cliente, na direção de um futuro compartilhado.
Nesse universo, o que atrai um cliente para vir a ser um pilar da cultura da empresa fornecedora e um agente com o qual a companhia pode fazer o futuro é uma espécie de campo de valor criado pela energia gerada por três dimensões muito importantes.
A Respeitabilidade Técnica do fornecedor, ditada pelas pessoas que o dirigem,
O Sucesso que outros Clientes de nome têm obtido com a ajuda desse mesmo fornecedor, e por ultimo, mas nem por isso menos importante,
Pela sensação de Acolhimento, Atenção, Respeito e Gentileza das pessoas que lá trabalham na relação com as outras do cliente.
Entrando um pouco mais na causa raiz desses quesitos, sob o Foco dos Clientes, nos saltam aos olhos uma miríade de aspectos humano-comportamentais que o fornecedor exala naturalmente e que faz com que pessoas do clientes se sintam atraídas pela segurança que aquela fonte traz, pelo reforço da auto estima de todos os envolvidos e sobretudo pelo contexto de justiça lá presente.
Note que os produtos em si, ou mesmo os serviços, desde que honestos e voltados para assegurar os benefícios para os quais foram projetados, têm uma função meramente coadjuvante nessa admirável paleta de cores.
Nos intangíveis – segurança, auto estima e justiça – que emolduram aquela oferta de valor estão os atributos que fazem toda a diferença na percepção do cliente.
É por isso que o lucro de uma boa empresa vem sempre desses intangíveis, quase nunca do que é apenas material, visível, copiável.
Numa época onde a tecnologia está disponível para quem quiser e tiver recursos para compra-la.
Intangíveis, ditam a regra da preferência dos clientes e ainda, como não podem ser vistos, são de difícil cópia por um concorrente.
O meu ponto nessa reflexão toda tem o objetivo de trazer à tona uma dimensão que certamente mitiga a dificuldade de sobrevivência próspera nesse tempos bicudos que assola o nosso mundo: o que é eterno, ou seja, o que estará sempre no foco do ser humano saudável e o que é moderno e conveniente ser adotado.
Eterno:
Segurança das pessoas, num sentido bem amplo,
Auto Estima, num sentido de fortalecer o bem querer das pessoas com elas mesmas,
Justiça, atendendo um clamor de todos nós na Sociedade.
Essa tríade, no meu modo de ver, deve ser o objetivo, a meta e a porta para o sucesso de qualquer fornecedor que sonhe em continuar no mercado, através da admiração, da promoção espontânea e da defesa contra concorrência predadora, pelas pessoas dos clientes empresas que servem.
Qualquer desvio nessa tríade abrevia em muito a vida do empreendimento como se vê em inúmeros casos no dia a dia.
Mas, o moderno é fantástico, como todos conhecemos e sabemos usufruir. No entanto ele também é muito volátil, ou seja, muda a toda hora.
De fato nunca estaremos de posse da última palavra tecnológica pois sempre haverá uma edição mais atual.
Se essas considerações fazem sentido para o prezado leitor, o segredo de uma estratégia vencedora de negócios contempla colocar ênfase no que chamo de eterno e compromissar o moderno, o mais atual, apenas para fortalecer o essencial, o eterno.
A armadilha que todos devemos escapar está exatamente no contrário, que seja, colocar ênfase no moderno fazendo com que subjugue o eterno aos seus caprichos.
Seres humano saudáveis lutam o tempo todo para sentir realização nos seu feitos, que possam assegurar conforto material e espiritual, ou seja, sentirem-se amparados por aquilo que lhes confere um vida plena a feliz.
Não importa o que você produz, fabrica ou distribui.
O que faz toda a diferença é como você orienta aquilo que você faz para fortalecer a segurança do cliente, a auto estima dele e o senso de estar sendo tratado com justiça.
Simples e verdadeiro!
Muitas vezes nos complicam a vida como executivos mas fico sempre com a sensação que uma vida bem vivida é mais leve do que nos dizem que seria.
Boas reflexões!
José Carlos Teixeira Moreira